Medicina e Pedagogia obviamente são muito diferentes por suas finalidades, no entanto ambas servem ao núcleo central do mesmo trabalho, a atuação e cuidado com o paciente, apesar de suas diferenças e precisamente por elas, coincidem e se completam.(SIMANCAS & LORENTE, apud Verdi, 2009, p.166)
Embora ainda não expressivo em termos numéricos, o atendimento pedagógico hospitalar já é realidade em diversos hospitais brasileiros, fazendo os profissionais do campo de pedagogia e outros profissionais da educação desenvolver práticas educacionais em "classes hospitalares", junto a crianças e adolescentes que se encontram hospitalizados.
De acordo com Ceccim (2010, p.33), “as classes educacionais hospitalares” não esgotam o conceito de atendimento pedagógico, nem significam a presença de uma escola formal no interior dos hospitais, e a sua principal “novidade” está em
assegurar o compromisso das áreas da educação e da saúde com o desenvolvimento das crianças, tanto cognitivo como afetivo. Atender demandas de desenvolvimento é condição para atenção integral à saúde e uma exigência ao tratamento de crianças quando hospitalizadas, uma vez que esta condição oferece risco ao desenvolvimento e seu não atendimento acentua as vulnerabilidades em saúde.
As interrupções das rotinas próprias da infância (as atividades lúdicas e recreativas, a ida diária à escola, o encontro com os colegas, o convívio com irmãos, pais, demais familiares, vizinhos) causam impacto negativo sobre a criança hospitalizada, que se vê obrigada a passar horas, dias, meses e até anos em um ambiente muitas vezes hostil, submetendo-se a exames, injeções etc., convivendo com medo, angústia, privação de liberdade, dentre outros fatores que podem causar sofrimento físico e emocional. Como afirma Novaes (apud Verdi, 2009, p. 165)
(...) a criança ao ser hospitalizada se vê envolvida em uma grande aventura, com ameaça a seu bem-estar físico e emocional, junto com sua família e os profissionais de saúde. É reconhecido o vínculo existente entre a mente e o corpo, emoção e o sintoma físico, em que mais importante é a criança doente e não a doença da criança.
Com a ação conjunta dos vários profissionais da saúde que compõem as equipes multidisciplinares em hospitais de qualidade, os profissionais com formação em Pedagogia Hospitalar poderão fazer parte dessas equipes, atendendo às necessidades educacionais das crianças e adolescentes internados, favorecendo seu desenvolvimento pleno em contextos hospitalares.
Num trabalho integrado entre educadores, equipe de saúde e famílias, o enfermo, por meio de ações lúdicas, recreativas e pedagógicas, dará continuidade à sua vida escolar, o que beneficiará também sua saúde física, mental, cognitiva e emocional (Verdi, 2009,p.166).
Sem o objetivo de descrever e analisar as minúcias sobre a Pedagogia e as diferentes possibilidades de ação dos profissionais nesse campo, apontamos para a síntese oferecida por Libâneo (apud Jesus, 2009,p.83)que destaca o pedagogo como “um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos e situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações”.
Assim, a prática educativa do profissional em pedagogia em hospitais pode ser bem mais abrangente e não tem que se restringir aos processos de escolarização de crianças enfermas em uma “classe hospitalar”, de acordo com a definição do Ministério da Educação, “um ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar” (MEC, 1994, p.20).
Como conceito norteador fundamental, elegemos a Pedagogia Hospitalar por considerá-la expressiva no sentido de sua maior abrangência no sentido de alargar as possibilidades de ações pedagógicas em ambientes hospitalares, para além da “classe hospitalar” o da “escolarização hospitalar”, pois o pedagogo poderá participar de outros projetos sociais e educacionais no âmbito hospitalar, envolvendo todos os que participam desse universo ( crianças e adolescentes, pais, acompanhantes, equipe de saúde, voluntários etc.)
Referências Bibliográficas
CECCIM, R. B. Classes hospitalares e a escuta pedagógica no ambiente hospitalar. In Cadernos Temáticos. SAREH – Serviço de Atendimento à rede de Escolarização Hospitalar - Governo do Estado do Paraná / Secretaria de Estado da Educação, 2010, p.33.
JESUS, V.B.G. Atuação do pedagogo em hospitais. In MATOS, L. M, Elizete (org) . Escolarização Hospitalar – Educação e saúde de mãos dadas para Humanizar. Rio de Janeiro: Vozes, 2009, p.81-91
MATOS, L. M, Elizete ( org) . Escolarização Hospitalar – Educação e saúde de mãos dadas para Humanizar. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
VERDI, C. A importância de Literatura Infantil no Hospital. In MATOS, L. M, Elizete (org). Escolarização Hospitalar – Educação e saúde de mãos dadas para Humanizar. Rio de Janeiro: Vozes, 2009, 161-173
Vou acompanhar de perto este blog, amigo Alexandre! Este assunto veio bem a calhar neste semestre. Obrigada por compartilhar conosco!
ResponderExcluirOlá, Jenny. É muito bom ver você por aqui, já que conheço seus "combates" antigos pela Educação de qualidade. Beijão.
ResponderExcluirAlexandre pra vc quais as possibilidades e os desafios em relação a pedagogia hospitalar???
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